Decupagem

Sequência 11

Barco: Raul no mar e Taciana no fundo

392 – Barco: PA de Raul e Taciana /
393 – Det. mão de Olga /
394 – PP de Olga de costas sobre a proa /
395 – Linha do horizonte /
396 – PP de Olga de costas se voltando /
397 – Detalhe do balde vazio do alto /
398 – PA de Olga de frente se virando à esquerda para o mar /
399 – Linha do horizonte: ao longe, um barril /
400 – PA de Olga que olha, se volta e aponta o barril /
401 – PP de Raul e Taciana que olham o mar. Raul olha para o fundo do barco /
402 – Detalhe do balde vazio do alto /
403 – Linha do horizonte: ao longe, um barril /
404 – PM de Raul e Taciana. Raul se levanta e anda na direção do mar /
405 – PA de Olga que fala /
406 – PA de Raul e PA de Taciana, que olham Olga /
407 – Detalhe das mãos de Taciana /
408 – PA de Raul e PA de Taciana /
409 – PG do barco. Raul se atira ao mar /
410 – Detalhe dos cabelos de Taciana do alto /
411 – Água com bolhas /
412 – PP de Taciana de baixo /
413 – Mar /
414 – PP de Taciana de costas, a bordo do barco, se voltando /
415 – Detalhe do fundo do barco, com a água entrando /
416 – PP de Taciana, que se vira novamente para o mar, e volta à posição inicial /
417 – PP de Olga sobre a proa de costas. Taciana se aproxima dela, mas é jogada ao chão. Olga se volta e desespera
418 – PPP de Olga de baixo com lágrimas
419 – PP do rosto de Olga de baixo /
420 – PP do rosto de Olga de frente /
421 – Horizonte marinho oscilante
Fusão

Com a fusão, volta-se ao barco com Raul e Taciana em PP [392], assim como com eles de costas em PP se abria a sequência 9 [314]. O detalhe da mão de Olga [393] precede o PP das costas sobre a proa [394] em uma posição já notada (cf. [80]). Olga retorna em PP [396], de costas na mesma posição, volta-se e limpa a boca, como havia feito Raul [315], aqui para exprimir a sua sede. Em contraste, o detalhe do balde vazio ([397], cf. [78]). Novamente, Olga [398] olhando para o mar e a linha do horizonte com o barril [399]: Olga [400] aponta o barril visto no mar. Segue o contracampo de Raul e Taciana olhando para o mar [401] e Raul para o balde como se compreendesse o detalhe seguinte ([402], cf. [397]). A linha do horizonte com o barril ao fundo ([403], cf. [399]) é o outro objetivo do olhar dos dois, substitutivo do objeto sem utilidade (balde vazio). Raul se atira ao mar [404] apesar dos esforços de Taciana e diante da indiferença de Olga [405], que é olhada severamente pela outra mulher [406]. O detalhe das mãos de Taciana sublinham a condescendência [407]. As bolhas no mar [411] decretam a morte de Raul e em contracampo há o PP de Taciana [412] com os reflexos da água sobre a pele e os cabelos ao vento. Apenas Taciana sente a morte de Raul. O detalhe do casco do barco, com a água infiltrando [415], impele Taciana a reagir: entra em campo no plano [417] por trás de Olga, põe uma mão sobre o ombro, como havia feito com Raul [79], provocando a reação de Olga que a atira para o fundo do barco e se volta para a câmara, desesperando-se. Três planos do seu choro ([418], [419] e [420]), visto de baixo e frontalmente. Para Pereira de Mello, o choro de Olga é medido como as expressões de olhos e rostos no cinema de Chaplin e griffithiano, a frieza e a aristocracia presentes também na tragédia. Os gestos são sempre contidos e o trágico é que o sejam no desespero. Olga olha para frente como na protoimagem (cf. [11]). A sequência se fecha com a linha do horizonte oscilante [421], com uma fotografia mais escura, que, pela primeira vez, fecha uma sequência do barco, habitualmente concluída pelo detalhe de parte do corpo e pelo PG do mar ou da beira do barco. A oscilação do horizonte é o primeiro sinal da turbulência no mar. Fusão.